sábado, 29 de dezembro de 2007

BOM ANO A TODOS!

(Foto: Para os Lados de Sintra)

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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Efemérides de hoje...

A 20 Dezembro de 1974 faleceu Waldemar Albuquerque d' Orey, proprietário da Quinta da Regaleira entre os anos 40 até aos anos 80. O patriarca da família d’Orey morreu aos 87 anos e está sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Waldemar d’Orey, engenheiro de profissão e de origem alemã, possuía também uma residência de Inverno, na Rua de São Caetano, em Lisboa, onde é actualmente a sede do PSD na capital portuguesa, a qual foi vendida a este partido em 1985.
Casou-se a 20 de Janeiro de 1909 com Maria Helena Cardoso, de quem teve 18 filhos.

(Foto: R. d'Orey)

Ouvi muitas histórias (fantásticas!) sobre esta quinta, pois conheço um dos netos de Waldemar d’Orey. Diz quem se recorda destes tempos que, quando Waldemar e Maria Helena chegavam a Sintra com a sua vasta prol para passar alguns meses, era dia de festa na Vila.
A vasta descendência de Waldemar d’Orey habitou a Quinta da Regaleira até 1987, altura em que a Quinta e o seu Palácio foram vendidos à empresa japonesa “Aoki Corporation". A partir dessa data quer o Palácio, quer a Quinta, não voltaram a servir de habitação. Dez anos mais tarde, a Câmara Municipal de Sintra comprou este valioso património e, depois de algumas obras de manutenção, abriu finalmente a Quinta da Regaleira ao público.

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Trono da Rainha – Miradouro do Alto de Santa Catarina


(Fotos: Serra de Sintra)

Situado no miradouro do Alto de Santa Catarina, este magnífico trono de pedra era um dos locais de predilecção da Rainha D. Amélia que, segundo consta, ali passou largas horas a desenhar.
Este banco encontra-se talhado na rocha granítica, mesmo no coração do Parque da Pena, no topo de uma enorme escadaria de pedra, num local isolado, e de onde se pode desfrutar de uma maravilhosa e edílica vista sobre o Parque da Pena e o seu romântico Palácio.
O trono, sobranceiro aos grandes blocos graníticos que formam a serra, é revestido de macadame, o qual se encontra bastante danificado. A base é revestida por duas tiras de azulejos, uma de azulejos verdes e outra de azulejos pintados em estilo árabe. O chão, na base do trono, é composto por tijoleira. O Trono da Rainha encontra-se bastante danificado e a necessitar de urgente restauro.

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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Fonte dos Passarinhos

(Foto: Impala)

A Fonte dos Passarinhos é uma construção de influência árabe, erigida em 1853 e construída numa base octogonal, encimada por uma cúpula esférica. Este pavilhão apresenta uma inscrição em árabe que alude à grandiosidade da obra de D. Fernando II, comparando-a à de D. Manuel I, o impulsionador da construção da capela da Nossa Senhora da Pena, no séc. XVI.
Primitivamente, o interior da cúpula e o fontanário foram decorados com pequenas esculturas de aves, das quais ainda hoje se podem observar algumas.
No interior do pavilhão é ainda possível ouvir, com grande intensidade, o som da água, elemento vital para os românticos pela sua conotação purificadora.
Na sua arquitectura global nota-se a preocupação com as entradas de luz, as quais recriam um ambiente romântico de quase penumbra.

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Templo das Colunas – Alto de Santo António

(Foto: Expresso)

Este é um dos diversos miradouros do parque e um extraordinário exemplo do revivalismo romântico tão característico de Sintra.
Neste local do Parque da Pena, existiu em tempos uma capela circular dedicada a Santo António, pertencente ao antigo mosteiro jerónimo. O Templo das Colunas, erigido por volta de 1850 e baseado no projecto da autoria do pai de D. Fernando II, é um miradouro, hoje envolvido pela densa vegetação do parque, de onde se podia desfrutar uma das mais belas vistas sobre o Palácio da Pena. De notar os grandes medronheiros aqui presentes, parte da primitiva floresta mediterrânica aqui existente.
O Templo das Colunas faz lembrar um templo misterioso da antiguidade clássica, envolto por elementos naturais. A acústica e a representação dos quatro elementos denunciam a possibilidade de ter sido concebido também a pensar em rituais iniciáticos esotéricos.

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A mágica ‘Feteira da Rainha’

(Foto: Impala)

Outro dos locais de destaque no Parque da Pena é a ‘Feteira da Rainha’.
O nome desta feteira foi atribuído em homenagem à Rainha D. Amélia, a última Rainha de Portugal, que trouxe estas espécies de fetos exóticos para Portugal, com destaque para as espécies arbóreas da Austrália e Nova Zelândia.
Este vale da feteira está protegido por castanheiros autóctones e é atravessado por um curso de água. No vale da feteira ainda se podem encontrar faias e carvalhos, que coexistem com os rododendros asiáticos e com camélias e bordos do Japão. Através do pequeno labirinto que se forma, temos a sensação de caminharmos no interior de uma floresta mágica.

P.S. – Não confundir a ‘Feteira da Rainha’ com a ‘Feteira da Condessa’, pois são dois locais distintos, ambos situados no Parque da Pena.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

As Tuias centenárias do Parque da Pena

(Foto: Impala)

Estas fascinantes e gigantescas Tuias foram trazidas da América do Norte pela Condessa d’Edla, segunda mulher do Rei Artista, D. Fernando II.
Estas Tuias eram habitualmente utilizadas pelos nativos deste continente para diversos fins medicinais e cultos sagrados.
As madeiras muito maleáveis que delas advêm, eram trabalhadas pelas tribos locais que construíam os seus imponentes totens e outros objectos de culto.
Os ramos destas árvores, que parecem encantadas, atingem tamanhos colossais e denunciam um fenómeno que, segundo os especialistas em botânica, ocorre unicamente em Portugal e se encontra ainda por explicar.


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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Efemérides de hoje...


A 6 de Dezembro de 1995, Sintra e o seu Parque Natural, foram classificados como Paisagem Cultural e Património da Humanidade pela UNESCO.



Também a 6 de Dezembro de 2003, foi inaugurada a nova Biblioteca Municipal de Sintra, agora situada na Casa Mantero, na Estefânia.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Os teus olhos azuis ainda brilham na minha memória!

Querida Avó Dinorah,

Escrevo-te porque tenho muitas saudades tuas!
Passaram cinco anos e não me habituo à tua ausência.

Muita coisa mudou desde que nos deixaste. A Tia mudou de casa. A tua, agora, está vazia. Lá só habitam as tuas memórias... e as do Avô! Vazia de pessoas… mas cheia de boas e doces recordações.
A Dores está bem. Apesar dos seus noventa e tal, continua por cá, a partilhar a nossa vida como se tivesse nascido na nossa família. Desde os vinte que está ao teu lado, e continua a estar. Os olhos brilham quando se lembra de ti… “a minha Senhora”.
O Tio deixou-nos e, agora, está aí com vocês. Com muita mágoa minha, não chegou a conhecer o mais recente elemento da família. Sim, tens mais uma bisneta. Linda e ‘pespineta’. Ias gostar de a conhecer. Dizem que é tal e qual a Mãe (de feitio, claro, porque de cara é igual ao Pai). Gosta de trepar para cima das coisas e tem tendência para o disparate. Costumavas dizer com algum orgulho: “esta minha neta mais nova é meia maluca”!
Os teus filhos estão óptimos. Graças a Deus! O Pai e a Tia fazem questão de, cada vez que se fala de ti, fazer notar a falta que lhes fazes! Mas não é só a eles… às netas também!
A Avó J continua na maior. Os quase noventa não pesam! Falamos muitas vezes de ti e ela faz sempre questão de me dizer o quanto gostava de ti e a fantástica pessoa que tu eras. É a minha última Avó. Quando for para ao pé de ti… bem… não quero pensar nisso!
Falemos de coisas boas. A terceira bisneta (a F) está óptima e crescida. Graças à minha insistência, nunca se esqueceu de ti. A mais pequena, a quarta bisneta, adora brincar com a girafa que ofereceste à mais velha num Natal. Insiste em chamar-lhe cavalinho, e eu digo-lhe sempre: “foi a tua bisavô que ofereceu à mana. Nunca a conheceste, mas ela gosta muito de ti, e está lá em cima numa estrelinha a olhar para ti”. Adora os avós e faz-me muito lembrar a relação que eu tinha com vocês. À Bisavó J - que ela adora - chama-lhe entusiasticamente ‘vójinha’.
A casa das Azenhas do Mar também já não é nossa. Custa-me tanto passar lá à porta… mas sempre que o faço, me lembro de coisas boas. Recordas-te certamente das minhas fugas de casa para subir aos postes de alta tensão e as minhas passeatas por cima dos muros, que tanto irritavam o Sr. António Bernardino. “Ó menina, saía daí, pintei os muros há uma semana. A Senhora veja lá a sua neta, que está a estragar a pintura dos muros… ai estes miúdos!”. E outras aventuras que não vale a pena contar… lol!

Olha… só queria dizer-te que há cinco anos vivi o pior dia da minha vida. Aquele que eu achei que nunca ia acontecer. Aquele pelo qual rezei para que nunca chegasse. Até que um dia, de manhã, o telefone tocou. No mostrador dizia: Pai. “Olha filha, tens de ter calma”, dizia a voz tremida do outro lado. Percebi logo. Não precisei de mais explicações…
Cinco anos depois, ainda me vêm as lágrimas aos olhos quando me lembro da imagem do Pai e da Tia… a olhar para ti… pela última vez. Ainda tens a rosa branca que te dei nesse dia e que, carinhosamente, te coloquei nas tuas doces e suaves mãos?
Ainda me comovo quando penso em ti e no quanto foste importante para a minha formação e para que eu me tornasse na pessoa que sou hoje. Sinto falta de partilhar conversas contigo. Agora, as conversas são unilaterais. Muitas vezes me sento ao teu lado, na pedra da tua última morada, no ‘museu’ onde vives, e falo, falo, falo… sei que me ouves… mas sei que não vais responder! Tu não falas, mas, às vezes, parece-me ouvir a música do teu piano…

Ah… Querida Avó, continuo usar os teus brincos de pérolas, há cinco anos, todos os dias!

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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

50 ANOS!

Não podia deixar passar este dia sem recordar Carlos Paião, que hoje faria 50 anos!
Carlos Paião foi um dos maiores compositores, letristas e intérpretes da música portuguesa. Escreveu mais de 500 canções em poucos anos de vida. Entre muitos outros, escreveu para Herman José, Cândida Branca Flor, Dina, Joel Branco, Nuno da Camara Pereira e até para Amália Rodrigues.
Notável em tudo o que fez, faleceu aos 31 anos, um dia depois do grande incêndio do Chiado, em Agosto de 1988.
Nas palavras do seu pai, "hoje é dia de Todos-os-Santos e mais um"!
Um grande beijinho para o Sr. Carlos e para a D. Ofélia!

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1 de Novembro

No dia 1 de Novembro comemora-se, não só o Dia-de-Todos-os-Santos, feriado nacional, mas assinala-se também a passagem de mais um ano sobre o Grande Terramoto de 1755 em Lisboa e arredores.
Sintra não foi excepção, e também aqui se fizeram notar os violentos abalos desse dia de má memória. Alguns monumentos sintrenses sofreram graves danos com esta catástofre natural. O terramoto de 1755 atingiu com violência todo o país e casou grandes estragos e elevada mortandade nas vilas de Sintra, Colares, Belas e seus arredores.

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Efeméride de hoje...


No dia 1 de Novembro de 1891 foi fundada a Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares. Aqui fica os parabéns ‘Para os Lados de Sintra...’

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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mãe,

As primeiras linhas do dia de hoje,
são dedicadas a ti…

Porque és a minha mãe…

Porque foste a primeira pessoa
a conhecer-me…

Porque, ao contrário do que pensas,
estiveste sempre presente,
mesmo quando estavas ausente…

Porque me conheces tão bem…

Porque tens uma paciência infinita
para me aturar.

Por tudo o que fizeste e fazes por mim,
sempre sem pedir nada em troca.

Porque partilhamos os mesmos gostos.
(excepto a matemática!)

Porque…
porque…
porque…

Amo-te muito…
e fazes anos hoje!
Parabéns!


D. Fernando II, O Rei Artista

A 29 de Outubro de 1816, nasceu em Coburgo, Alemanha, D. Fernando II, Duque de Saxe-Coburgo-Gotha, o Rei Artista. De nome completo Fernando Augusto Francisco António, casou-se com D. Maria II, Rainha de Portugal, e foi regente do reino após a sua morte, em 1853.
Em 1869, D. Fernando II casou-se com Elissa Hensler, a Condessa d’Edla.
Foi ele que mandou construir o Palácio da Pena e foi o grande responsável pela construção e desenvolvimento do maravilhoso Parque da Pena.

Aqui fica a homenagem...

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Efemérides de hoje...

A 25 Outubro de 1951 faleceu em Versalhes, França, D. Amélia de Orleães, a Rainha D. Amélia, última rainha de Portugal.

(Foto: Arquivo 'Expresso')

Aos pés de sua cama, na hora da morte, estava a bandeira portuguesa e, de avião, chegaram a Versalhes flores vindas de Portugal, com um cartão simples: «Do Parque da Pena».
A história da Rainha D. Amélia está muito ligada ao Parque da Pena e ao seu palácio. Aí se refugiou após o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, para recuperar do profundo desgosto em que se encontrava, após a morte do Rei D. Carlos I, seu marido, e do Príncipe Luís Filipe, seu filho mais velho.
Depois da sua morte, o corpo da Rainha foi transladado para a sua última morada, junto do marido e dos filhos, no Panteão Real dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.



José Luis Monteiro e o 'Chalet Biester'


Também a 25 Outubro, mas no ano 1848, nasceu em Lisboa o arquitecto José Luís Monteiro, responsável pela construção de um dos mais bonitos chalets da Serra de Sintra, o Chalet Biester na Estrada da Pena, na altura propriedade de Ernesto Biester.
José Luís Monteiro foi arquitecto da Câmara Municipal de Lisboa a partir de 1 de Abril de 1880, onde participou num grande número de projectos camarários. Foi ainda professor de Arquitectura Civil da Escola de Belas Artes de Lisboa, contribuindo para a profunda remodelação curricular que a licenciatura de Arquitectura viria a ter nos anos de 1920 a 1940.


Entre outras obras de destaque, José Luís Monteiro foi também o arquitecto responsável pela Estação do Rossio, pela Sociedade de Geografia de Lisboa e pelo Hotel Avenida Palace, também em Lisboa.


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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Monteiro dos Milhões

(Foto: Wikipédia)

No dia 24 Outubro de 1920, em Sintra, faleceu António Augusto Carvalho Monteiro, mais conhecido por ‘Monteiro dos Milhões’, o magnata que mandou construir o místico Palácio da Quinta da Regaleira.

(Foto: CMS)


Filho de pais portugueses, Carvalho Monteiro nasceu no Rio de Janeiro a 27 Novembro de 1848. Herdeiro de uma enorme fortuna, que provinha do comércio de cafés e pedras preciosas, e licenciado em leis pela Universidade de Coimbra, o ‘Monteiro dos Milhões’ foi um distinto coleccionador e bibliófilo, detentor de uma das mais raras colecções camonianas portuguesa. A sua grande cultura terá decerto influenciado a misteriosa simbologia do palácio da Quinta da Regaleira, situado na encosta da Serra de Sintra, perto do Palácio de Seteais.

(Foto: CMS)


Homem excêntrico, Carvalho Monteiro mandou construir o seu enorme túmulo no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, deixando-o a cargo do mesmo arquitecto que projectou o Palácio da Quinta da Regaleira em Sintra, Luigi Manini (também autor do projecto do Palácio do Buçaco). Este sepulcro parece mesmo ter sido retirado do místico palácio sintrense...


A porta deste enorme jazigo (um dos maiores e mais imponentes do cemitério), situado na alameda principal do Cemitério do lado esquerdo, está carregada de simbologia e era aberta com a mesma chave que abria a Quinta da Regaleira e o seu palácio na Rua do Alecrim, em Lisboa. Este jazigo, uma verdadeira obra de arte, ostenta uma multiplicidade de simbologias maçónicas. A porta tem uma abelha gravada na aldraba, carregando uma caveira. A abelha, diligente e trabalhadora, representa o maçon no seu esforço organizado.



O gradeamento, que se encontra nas traseiras do jazigo, ostenta a simbologia do vinho e do pão, o espírito e o corpo. Possui também diversas corujas, símbolo de sabedoria, assim como papoilas dormideiras, que simbolizam a morte.

Para quem não conhece o Cemitério dos Prazeres, vale a pena uma visita. Para além de um mero cemitério, é um conjunto impressionante de obras de arte da arquitectura, e onde estão sepultados grandes vultos da cultura, política e vida social portuguesa.


Cemitério dos Prazeres

O Cemitério dos Prazeres foi construído no ano de 1833. Em Junho desse ano, uma violenta epidemia de cólera morbus assolou Lisboa, causando milhares de mortos, o que forçou as autoridades sanitárias ao estabelecimento de dois cemitérios, e à proibição dos enterramentos nos espaços religiosos, como tradicionalmente se efectuavam. A legislação vem regulamentar a interdição dos enterramentos em igrejas, conventos, ermidas e demais espaços religiosos, obrigando à construção, em todo o País, de cemitérios públicos.

Servindo o lado ocidental de Lisboa, onde se implantavam os bairros das residências aristocráticas, desde cedo que este se torna o cemitério das famílias dominantes da cidade. Símbolos de variadas interpretações, religiosas, maçónicas, profissionais, heráldica, bem como a disposição espacial das construções e a variação das formas de que se revestem, tornam este espaço num precioso testemunho da forma como no séc. XIX se pensava a morte.

Entre outros, estão sepultados no cemitério dos prazeres a Condessa d’Edla (mulher do Rei Artista, D. Fernando II), os actores Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, Família D’Orey (os segundos proprietários da Quinta da Regaleira), Alfredo Keil (autor do hino nacional ‘A Portuguesa’), Oliveira Martins, Duque de Palmela e onde estiveram sepultados Amália Rodrigues e Aquilino Ribeiro, entre muitos outros nomes de destaque.

(Fotos Cemitério dos Prazeres: Para os Lados de Sintra / Fonte: Wikipédia)


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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sintra e "A Crónica de El-Rei D. João I"

"E a primeira cousa em que se ocupou depois que el-rei de Castela levantou o cerco, foi tomar os lugares dos arredores da cidade que tinham voz por Castela. E chegou à fala com alguns de Sintra, onde estava o conde D. Henrique Manuel por fronteiro, a cinco léguas da cidade, para que lhe dessem o castelo daquele lugar que é uma grande fortaleza num alto e fragoso monte, com a vila no sopé dele, sem nenhuma cerca que a possa defender".

LOPES, Fernão, "A Crónica de El-Rei D. João I"

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domingo, 21 de outubro de 2007

Se eu pudesse...

Passava horas sentada neste banquinho a ler um livro!
Existem cantinhos a que não se consegue resistir!

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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

Arquitectura Exterior

O Convento de Santa Ana do Carmo em Colares é um interessante exemplar de arquitectura religiosa maneirista da primeira metade do século XVII e de decoração já de carácter barroco. Uma linguagem arquitectónica cada vez mais integrada na escola italiana, muito ligada à arquitectura militar, define, no final do século XVI, um modelo nacional que se manterá durante o século XVII e para além das primeiras movimentações do Barroco.

Sob influência de Filipe I (Filipe II de Espanha), a Aula de Arquitectura constituirá a base pedagógica organizada de uma formação intelectual de artistas nos moldes clássicos e versados, tanto na teoria como na parte técnica e prática. As obras sob impulso régio situam-se sobretudo em Lisboa e os principais encomendados serão, pela maior parte, os clérigos e as ordens religiosas.
A protecção concedida às Ordens religiosas pelo novo poder filipino, traduzida no incentivo à fixação de novas regras, numa política de confirmação de privilégios e de produção legislativa de defesa dos seus interesses, está na origem de uma intensa actividade arquitectónica que, se começa imediatamente após a entrada de Filipe II em Portugal, só vem realmente a declinar nos começos do segundo quartel do século XVII.
Já atrás é referido que a construção do convento tal como se encontra hoje decorreu sobretudo durante o século XVII e sob o patrocínio mecenático de D. Dinis de Melo e Castro.
Colares viveu, durante os princípios do século XVII, sob uma generosa protecção artística e social, na pessoa deste bispo, notabilíssimo varão da Igreja, que nesta vila actuou como príncipe mecenas e protector. Sugere, por outro lado, um exemplo de vivência sob o domínio filipino nesta região, que os próprios anos de vida realçam, pois teria nascido cerca de dez anos antes da perda da independência e virá a falecer mesmo em 1640, ano da Restauração do reino.


Planta em L, irregular, composta por igreja de nave única, capelas laterais profundas e capela-mor, a que se adossa o edifício conventual a Sul, aberto por dois claustros, um pequeno e um grande.


A fachada da Igreja Conventual, orientada para poente, embora tardia e exibindo já os valores decorativos barrocos, mantém, na empena triangular e nas três janelas em que a central é mais elevada, uma tipologia característica da arquitectura da ordem carmelita. Esta fachada é também delimitada por cunhais de cantaria, rasgada por porta em arco abatido com pedra de armas no lintel e nicho com imagem de Nossa Senhora do Carmo, com emolduramento recortado.


(Fotos e Texto: André Manique / Foto Filipe I: Wikipédia)


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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Always with me, always with you

Dezoito anos (carta acabada de tirar), pé no acelerador, janelas abertas, música a rebentar nas colunas e mentes cheias de sonhos. Era assim que, todas as sextas feiras, nos dirigíamos à Praia Grande para o tão esperado fim-de-semana!
Escolhíamos os atalhos mais inesperados (para fugir às tão indesejáveis auto-stops) e rumávamos ao sítio do costume, onde encontrávamos os amigos do costume para, depois, irmos à discoteca do costume.
Era rotineiro (é verdade!), mas não há quem não se lembre e não recorde com saudades esses tempos em que fomos todos tão felizes! Continuamos a ser, de facto, mas não houve mais tempos como esses! Agora, dividimo-nos entre as casas uns dos outros, entre fraldas, biberões e birras, sem grandes saídas à noite à mistura. Outra vida… outra magia! Diferente! Mas bom… sempre felizes e sem grandes percalços!

No auto-rádio (na ausência de leitores de CD’s que ainda não existiam, pelo menos nos carros) tocava a cassete do costume com músicas gravadas em repeat! Uma, e outra, e outra, e outra, e mais outra, até ficarmos fartos. Aí, retirava-se a cassete e arranjava-se substituta. Outra vez em repeat! E assim se passavam os 40 minutos que separavam a Lapa da Praia Grande! Chegávamos, sempre sãos e salvos, em grande animação, e assim nos conseguíamos manter até, se fosse preciso, às 7 da manhã (coisas da idade!).

Este tema foi um daqueles que, durante muitos anos, tocou em repeat no auto-rádio do meu carro e que, ainda hoje, me lembra tanto os meus amigos de sempre: “Always with me, always with you”!

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Casal Mindelo, que saudades!

Que saudades tenho do Casal Mindelo e que falta sinto quando olho para o sítio onde estava esta bela casa e só vejo moradias novas. Não é que sejam feias, mas esta bela vivenda fazia parte da paisagem...
Quem não se lembra dos cavalos do Mindelo? Muitas foram as vezes que, juntamente com os meus amigos, se proporcionava uma voltinha a cavalo e os alugávamos precisamente aqui.

O Casal Midelo, propriedade de Guilheme Oram, e mais tarde habitado por uma ordem de religiosas, encontrava-se mesmo à saída da Praia das Maçãs, do lado direito de quem seguia para as Azenhas do Mar.
Devido ao abandono e ao crescimento desta zona de veraneio, muito propcurada pela sociedade mais endinheirada de Lisboa, o casal foi demolido no ano 2000.

Ficaram, nesta estrada que liga a Praia das Maçãs às Azenhas do Mar, outros belos exemplares. É o caso do Casal das Três Marias e da Casa de Alberto Totta, a Vivenda Rafaela. Pena que se encontrem num estado de degradação quase irrecuperável. Era bom que, alguém com muito dinheiro, se empenhasse em reconstruir estas duas belas edificações. A estrada ficava certamente mais bonita!

(Foto: “O Passado e o Presente” de Rui Carmo e Nuno Gaspar, Colares, 2003)

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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

"A Vida Interior de Martin Frost" estreia amanhã

O escritor norte-americano Paul Auster esteve este ano em Portugal a rodar o seu novo filme, The Inner Life of Martin Frost, co-produzido por Paulo Branco.
O produtor português, que conhece Paul Auster há vários anos, tem agora a sua primeira parceria profissional com o escritor. Para Paulo Branco é um orgulho trabalhar com Paul Auster e, afirma o produtor, "foi um prazer co-produzir este filme".
Foram várias semanas de filmagens, realizadas na zona de Sintra, mais propriamente no pinhal de Janas, nas Azenhas do Mar.
A história, uma versão aumentada de um dos episódios do seu romance “O Livro das Ilusões”, tem por base o encontro inesperado de um escritor de sucesso com a sua musa. Encontro este que se dá no exacto momento em que o protagonista decide passar algum tempo sozinho numa casa de campo. Será aí que, ao acordar na manhã seguinte, encontra, deitada a seu lado, uma bela mulher que não conhece e pela qual acaba por se apaixonar.
O filme chega amanhã às salas de cinema portuguesas!

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

Campanhas de reedificação do convento no século XVII

A construção do convento tal como está hoje, apesar da sagração da igreja em 1528 pelo bispo D. Frei Cristóvão Moniz, carmelita, decorreu sobretudo durante o século XVII e sob o patrocínio mecenático de D. Dinis de Melo e Castro, doutor em Direito Canónico pela Universidade de Coimbra, Desembargador da Relação do Porto, da Casa da Suplicação e do Paço, Bispo de Leiria, de Viseu e da Guarda e Regedor das Justiças. Será durante este período que decorrerá a campanha da quase total reedificação do convento, datando desta intervenção a capela-mor e os claustros.
Após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, na sequência do decreto liberal de Joaquim António de Aguiar, o convento e sua quinta passaram para a posse do Conde Leão de Clairange Lucotte, escritor de origem francesa. Era senhor de grande fortuna, mas com as primeiras construções do bairro da Estefânia e o funcionamento do primeiro comboio para Sintra gastou muito dinheiro. Como nos refere ainda José Alfredo da Costa Azevedo, “Sem tacto administrativo, com festivais e banquetes no seu Palácio da Cova da Moura, em Lisboa, e com o jogo, aniquilou a sua fortuna, acabando por morrer pobre”.


Em 1840, tudo passou para a posse do Conde de Lavradio, D. Francisco de Almeida Portugal. Segundo o escritor António Feliciano de Castilho “comprara ele (Conde de Lavradio) o Convento e cerca dos Carmelitas, a par de Colares. Cativado pela frescura, solidão e silêncio do sítio, e sentindo em si mesmo quanto era acomodado para o estudo, para o contentamento de ânimo, e para a criadora liberdade da fantasia (…)” (1).
Nove anos mais tarde a quinta do conde de Lavradio acolheria Alexandre Herculano, o poeta Bulhão Pato e o Marquês de Sabugosa.

(1) Revista Universal Lisbonense, Agosto de 1842.

Texto: André Manique


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sexta-feira, 5 de outubro de 2007

La Movida

Hola!
Pois que me afastei de terras de Sintra para mergulhar durante alguns dias na 'La Movida' Madrilena...
Aqui fica uma bela foto da Plaza Mayor, uma das mais belas praças da capital espanhola.


PS - Até aqui há galegos aos molhos! ('private joke')

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A última Rainha de Portugal

(D. Amélia aos 70 anos. D. Amélia surge com um colar de pérolas,
oferta de D. Carlos - Foto: Arquivo Expresso)

A 28 Setembro de 1865, nasceu em Twickenham, Inglaterra, D. Amélia de Orleães, princesa de França e última rainha de Portugal.
D. Amélia casou com o pretendente ao trono português a 22 Maio de 1886, na Igreja de São Domingos, em Lisboa, e, três anos depois, ocupou o lugar de Rainha com a subida do seu marido D. Carlos ao trono.
Enquanto Rainha, D. Amélia desempenhou um importante papel na corte portuguesa, tanto a nível social, como a nível das artes. Pintava e foi fundadora do Instituto de Socorros a Náufragos (1892), do Museu dos Coches Reais, hoje Museu Nacional dos Coches (1905) e da Assistência Nacional aos Tuberculosos.

(Aguarela da casa real pintada pela Rainha D. Amélia - Foto: Arquivo Expresso)

A Rainha D. Amélia sofreu um profundo desgosto com as mortes do filho D. Luís Filipe e do marido D. Carlos, vítimas do regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, refugiando-se no Palácio Nacional da Pena, continuando, no entanto, a acompanhar e a apoiar o jovem Rei D. Manuel II, seu filho mais novo.

(Rainha D. Amélia e D. Manuel II no Palácio da Pena - Foto publicada na 'Ilustração Portuguesa', 1909)


Era em Sintra que D. Amélia se encontrava quando se deu a revolução de 5 Outubro de 1910 e a consequente implantação da república.
Seguiu para o exílio com a restante família real para Londres e, após o casamento de D. Manuel II, seguiu para Versalhes, perto de Paris. Sofreu novo desgosto em 1932 com a morte de D. Manuel, último Rei legítimo de Portugal.
A viver em França durante a Segunda Guerra Mundial, o governo de Salazar ofereceu-lhe asilo político. D. Amélia recusou e o estado português declarou o seu castelo território nacional erguendo uma bandeira à entrada e transformando-o assim em território neutro e intocável numa França ocupada.
O regresso da última Rainha portuguesa a terras lusas deu-se a 8 de Junho de 1945, após o fim da guerra. Esta emocionante jornada, levou a Rainha a Fátima, ao Palácio da Pena e a todos os lugares a que estava emocionalmente ligada, com a excepção de Vila Viçosa, onde não foi capaz de regressar.
D.Amélia faleceu em Outubro de 1951 em Versalles. Foi transladada para junto do marido e dos filhos, no panteão real dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.


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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Veja meu Slide Show!


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Efemérides de hoje...

A 21 Setembro de 1885, foram homenageados Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, num jantar oferecido por D. Luís na famosa Sala das Pegas, no Palácio da Vila de Sintra.

(Foto: Stickypond)

Capelo e Ivens eram oficiais da marinha portuguesa e exploradores do continente africano durante o último quartel do século XIX. Participaram juntos na célebre travessia entre Angola e a costa do Índico.

(Foto: Wikipédia)


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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

Transferência dos primeiros frades para o cenóbio actual



Em 1457, Frei Constantino Pereira – escolhido para fundar o novo convento –, Frei João de Santa Ana e os outros religiosos, transferem-se então para o novo local, a Boca da Mata. Desbaratam mato, plantam árvores de fruto, constroem a cerca e um pequeno oratório de invocação a Santa Ana. A sesmaria doada por Sebastião Vaz e Inês Esteves aos frades carmelitas calçados, reunia todas as condições para os fins pretendidos.
Vejamos agora a descrição do local pelo Visconde de Juromenha, na primeira metade do séc. XIX:

“Acha-se o Convento edificado em hum sitio ameno, em huma planície na raiz da Serra, e sobranceiro á Villa de Collares, cercado de frondoso arvoredo. Gosa ao perto da aprazível vista da varsea, casas de campo, pomares, e quintas revestidas de copados arvoredos, e mais longe de logares, e casaes, terminado o horizonte de hum tão variado e deleitavel painel o occeano, cujas vagas prateadas se estão vendo em distancia quebrar naquellas praias”.


A 14 de Fevereiro de 1465 morre o fundador do mosteiro, Frei Constantino Pereira. O Juiz dos direitos de Colares entrega esta sesmaria a Álvares Fernandes de Abreu, escudeiro do Arcebispo de Lisboa. Entretanto é eleito vigário para o novo convento Frei João Namorado tendo, durante este período as obras obtido um notável incremento.
Novos meios ficaram à disposição do novo convento a partir de 1508, quando um dos frades carmelitas de Colares, Frei João de Santa Ana, é eleito provincial da Ordem e as esmolas recolhidas em Cascais e em Sintra que davam entrada no convento de Lisboa são transferidas para o de Colares.
Em 1519, o rei D. Manuel, concede aos religiosos do convento a mercê de possuírem bens doados até ao valor de trinta mil réis, apesar de viverem em terras pertencentes ao reguengo da Coroa.
Em 1556, D. João III dá autorização para os carmelitas do convento utilizarem a água que abastecia a vila de Colares, às segundas e terças-feiras.
Já em 1605, Filipe II concede o usufruto de uma nascente serrana que passava junto à cerca conventual, aproveitando também essas águas os frades do Convento dos Capuchos.

Texto e Fotos: André Manique

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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sintra and Lisbon for foreigners!

Return to the 19th century and travel by carriage through the gardens of Monserrate, where exotic plants cohabit with the local flora, thus constituting an important botanical museum.
Looking like a real opera stage, the Regaleira estate is a magical and sacred place that you have to get to know. Climb to the Pena Palace, situated on one of the summits of the Sintra mountain, and there you can feel like a real nobleman.
Walking through the Sintra mountain allows you to experience nature again in a unique setting of serenity and beauty, in which the density of the greens of the trees makes it the ideal place for those who intend living moments of true romance.
At teatime, enjoy the wonderful pastries of 'Piriquita'.
Sleep well at Lawrence’s Hotel - the oldest hotel on the Iberian Peninsula - which was a source of inspiration for writers and poets like Lord Byron and Eça de Queiroz. It was recently restored and became one of the best hotels of charm in the world.
The following day, go to Cabo da Roca - Continental Europe’s most westerly point - let yourself be rocked by the music of the waves hitting the cliffs and have lunch at one of the romantic restaurants by the sea; try the famous Colares wine with your lunch.

(Author: visitportugal.com)

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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Efemérides de hoje...

No dia 10 de Setembro de 1979, morreu, em Moscovo, vítima de cancro, António Agostinho Neto.
Médico angolano, formado na Universidade de Lisboa, tornou-se em 1975 no primeiro Presidente de Angola, ocupando o cargo até 1979.
Em 1962, Agostinho Neto e a família estiveram refugiados na Praia das Maçãs, numa casa de férias pertencente a Maria Amélia da Silva, mãe de Maria Eugénia Neto, enquanto aguardavam a fuga do país. Na altura, Agostinho Neto estava a ser perseguido pela PIDE.

(Casa na Praia das Maçãs)

Agostinho Neto deixou também uma considerável obra poética, da qual deixo aqui um exímio exemplo!


Noite

Eu vivo
nos bairros escuros do mundo
sem luz nem vida.

Vou pelas ruas
às apalpadelas
encostado aos meus informes sonhos
tropeçando na escravidão
ao meu desejo de ser.

São bairros de escravos
mundos de miséria
bairros escuros.

Onde as vontades se diluíram
e os homens se confundiram
com as coisas.

Ando aos trambolhões
pelas ruas sem luz
desconhecidas
pejadas de mística e terror
de braço dado com fantasmas.

Também a noite é escura.


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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Convento de Santa Ana do Carmo de Colares (cont.)

O Primeiro cenóbio – Casal da Torre

O primeiro convento foi fundado em 1436 por Mestre Henriques, físico do rei D. Duarte. Não tendo herdeiros e sendo um devoto da ordem carmelita, pediu ao rei licença para instituir um convento num casal que possuía no termo de Sintra, o Casal da Torre, conhecido nessa altura por Casal de Miguel Johanes, tendo, deste modo, a designação Janas, localidade onde se situa actualmente o dito Casal, muito provavelmente derivado do apelido Johanes.
Antes da licença régia, concedida por carta passada em Lisboa a 14 de Novembro de 1436, o físico havia já fundado uma pequena capela a que chamava Oratório. Necessitando das rendas do casal para manter o seu estatuto social de físico do rei e não podendo, pelas funções, ausentar-se da corte de maneira a acompanhar as obras do futuro cenóbio, Mestre Henriques explicitou no seu testamento que a nova casa religiosa só começaria a ser construída após a sua morte. Com estas disposições concordou o então provincial da ordem, Frei João Manuel, bispo de Ceuta, que aceitou também ser o seu testamenteiro.
Após a morte de Mestre Henriques em 1449, Gonçalo Pires Boto, procurador do provincial, tomou parte do casal, numa altura em que os carmelitas já eram detentores da autorização da rainha D. Isabel, mulher de D. Afonso V, e uma vez que Sintra e o seu termo pertenciam à Casa das Rainhas de Portugal. Em 1450, a herdade, os seus bens e as suas rendas entraram na posse do convento do Carmo de Lisboa, tendo Frei Constantino Pereira, sobrinho do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, sido escolhido para fundar o novo convento. Todavia, o lugar do Casal da Torre em breve se mostrou inóspito, como nos refere José Pereira de Stª. Ana na sua “Chronica dos Carmelitas da antiga, e regular observancia nestes reynos de Portugal, Algarves e seus dominios...”, de 1755, como sendo um local totalmente desabrigado pois neles reinavam com irreparável fúria os ventos tão nocivos à saúde.

A construção do convento, ao tempo reduzida à capela a que Mestre Henriques chamara Oratório – e que milagrosamente ainda hoje resiste à irreparável fúria dos ventos –, foi interrompida e, por doação de um terreno num lugar chamado Boca da Mata, pertença de Sebastião Vaz e de sua mulher Inês Esteves, em 1457,os religiosos carmelitas transferiram-se para o sítio onde hoje se encontra o cenóbio.
José Alfredo da Costa Azevedo descreve assim o primitivo convento do Casal da Torre aquando da sua visita, na década de 1980: “Fui ao Casal da Torre, ultimamente, umas duas ou três vezes e tive ocasião de verificar que ainda existem algumas casas já sem telhado; e na parede de uma delas ainda se pode ver, reduzida às cantarias, uma longa porta ogival, a qual se apresenta vedada por uma cancela feita de canas; no interior vivem galinhas. O casal parece estar habitado – e a presença das galinhas assim o atesta –, mas a verdade é que, em qualquer das vezes que ali fui, não tive a confirmação do facto”.

Actualmente o Casal da Torre encontra-se de facto habitado, e muito embora a pequena capela já não sirva de galinheiro, o seu estado de conservação merece alguma atenção.

Texto e Fotos: André Manique

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quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Um restaurante chamado Sintra II

Para quem quiser saber mais sobre o Sintra Restaurant, clique aqui!

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Um restaurante chamado Sintra

Os norte-americanos Brian Jenkins e sua mulher Carry, passaram a lua-de-mel na Vila de Sintra. Ficaram de tal maneira encantados que prometeram, um dia, abrir um restaurante com o mesmo nome.
Assim foi...
O restaurante 'Sintra' fica situado em Braintree, Massachussets, e é muito bem cotado, tendo já ganho alguns prémios. O menu é muito influênciado pela cozinha mediterrânea, mas as influências portuguesas também se notam, desde o chouriço aos molhos picantes e, claro, o vinho luso... Quinta da Romeira, João Pires, Casa de Santar!
Não fica propriamente perto... mas para quem for para aqueles lados... é certamente uma boa opção!

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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Trovante - Balada das Sete Saias

Ontem fui ao concerto dos Xutos e Pontapés na Torre de Belém. Senti-me novamente como se tivesse 15 anos…
Estar ali fez-me lembrar os concertos dos Trovante… que saudades!
Todos os anos ia vê-los ao Festival da Juventude de Sintra, no Campo de Futebol do Sintrense.
No dia 12 de Maio de 1999, a convite do então Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, os Trovante reuniram-se novamente para um concerto memorável no Pavilhão Atlântico. Eu estive lá e deixo aqui um cheirinho do que foi esse maravilhoso espectáculo. Quando acabou quase chorei… não sabia quando os ia voltar a ver.
E não voltei! A banda voltou a reunir-se a 12 de Outubro do ano passado, a convite do Montepio Geral, mas eu só soube depois!

Balada das Sete Saias

Sete ondas se noivaram
Ao luar de sete praias
Sete punhais se afiaram
Menina das sete saias

Sete estrelas se apagaram
Sete que pena, chorai-as
Sete segredos contaram
Menina das sete saias

Sete bocas se calaram
Com sete beijos beijai-as
Sete mortes evitaram
Menina das sete saias

Sete bruxas se encontraram
No monte das sete olaias
Sete vassouras montaram
Menina das sete saias

Sete faunos contrataram
Sete corvos e zagaias
Aos sete encomendaram
Menina das sete saias

Sete princesas toparam
Com mais sete lindas aias
Por sete e sete deixaram
Menina das sete saias

Sete danças que bailaram
Sete vezes que desmaias
Sete luas te ansiaram
Menina das sete saias

Sete vezes se encantaram
No bosque das sete faias
Sete sonhos desfolharam
Menina das sete saias


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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Cintra, amena estância,
Throno da vecejante primavera,
Quem te não ama?
Quem em teu recinto?
Uma hora de vida lhe ha corrido,
Essa hora esquecerá?

Almeida Garrett

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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Efemérides de hoje...

A 29 Agosto de 1891 faleceu, na sua casa de Sintra, José Maria Latino Coelho.
Latino Coelho foi General de Brigada do Estado-Maior de Engenharia, Ministro da Marinha, sócio efectivo e secretário perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa, lente na Escola Politécnica, vogal do Conselho Geral de Instrução Publica, deputado, Par do Reino, jornalista e escritor.
Latino Coelho era ainda Comendador da Ordem de Cristo, Grã-cruz da Torre e Espada e de Nossa Sr.ª da Conceição.


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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

"Retalhos da Vida de Um Médico"

O mundo está cheio de grandes canções… mas há aquelas que nos marcam indelevelmente.

Recordo-me bem de ouvir esta canção na televisão… tinha eu cerca de 5 anos. Na altura não compreendia as palavras, não tinha lido a obra… hoje é diferente. É uma das vantagens que a idade nos oferece!

“Retalhos da Vida de Um Médico” é uma obra notável da literatura nacional, autobiográfica, um retrato da vida em meados do século XX no Portugal profundo. Fernando Namora, escritor, médico, lavrou-a tendo em conta a sua própria vivência e experiência…

Não menos notável é o poema de José Carlos Ary dos Santos, magistralmente musicado por Tozé Brito e interpretado pela voz maior de Carlos do Carmo, que serviu de tema genérico à série da RTP com o mesmo nome.

Quando leio estes versos, imagino Fernando Namora a percorrer as “serras, veredas, atalhos, fragas e estradas de vento” de Monsanto e da Beira Baixa…

Serras, veredas, atalhos,
Fragas e estradas de vento,
Onde se encontram retalhos
De vidas em sofrimento

Retalhos fundos nos rostos,
Mãos duras e retalhadas
Pelo suor do desgosto,
Que talha as caras fechadas

O caminho que seguiste,
Entre gente pobre e rude,
Muitas vezes tu abriste
Uma rosa de saúde

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São água que tu bebeste
Dos olhos de um povo triste

E depois de tanto mundo,
Retalhado de verdade,
Também tu chegaste ao fundo
Da doença da cidade

Da que não vem na sebenta,
Daquela que não se ensina,
Da pobreza que afugenta
Os barões da medicina

Tu sabes quanto fizeste,
A miséria não se cura,
Nem mesmo quando lhe deste
A receita da ternura

Cada história é um retalho
Cortado no coração
De um homem que no trabalho
Reparte a vida e o pão

As vidas que defendeste,
E o pão que repartiste,
São a esperança que aprendeste
Nos olhos de um povo triste

(José Carlos Ary dos Santos)


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terça-feira, 14 de agosto de 2007

Ermida de São Mamede

Em plenas Festas de São Mamede, que decorrem junto à capela circular de Janas, descobri este texto fantástico sobre a origem desta maravilhosa e única jóia da arquitectura religiosa.


"O sítio de São Mamede de Janas tem uma longa história de sacralidade, remontando as suas origens, pelo menos, ao período de domínio romano, altura em que aqui se terá edificado um primitivo templo. Dessa estrutura restam ainda importantes vestígios junto aos contrafortes do actual templo, mas a identificação nas proximidades de espólio pré-histórico (FERREIRA, 1962, pp.340 e 363) pode fazer recuar ainda mais a cronologia inicial de ocupação do local, assim se confirme esta relação em futuras intervenções arqueológicas.
Os vestígios romanos materiais são pouco relevantes e resumem-se a "restos duma construção baixa, muito grosseira, também de planta circular e constituída por pesados blocos de calcário ligados por argamassa e dispostos de maneira a formarem dois degraus" (IDEM, p.337). No entanto, existem bons argumentos que relacionam esse passado romano com a planta circular do templo (que teria sido, assim, mantida na construção da capela), com a estranha solução "de seis elegantes colunas de fuste liso, de sabor clássico, que se ergue ao centro" (IDEM, p.338) e, ainda, com o aparecimento de algumas sepulturas de inumação nas imediações (IDEM, p.341). No século XIX, o Visconde de Juromenha admitiu a hipótese de aqui ter existido um templo dedicado a Janus (facto que explicaria também o topónimo Janas), mas estudos posteriores sedimentaram a hipótese de se ter tratado de um templo a Diana, pela natural continuidade de culto entre a divindade pagã e o santo cristão (ambos protectores dos animais), pela possível origem do topónimo Janas em Diana (com forma intermédia em Jana, ou Iana) e pela circunstância de os templos romanos dedicados a esta deusa serem de planta circular (IDEM).
Esta hipótese de interpretação (que o autor prudentemente assim cataloga), não foi, até ao momento, confirmada ou rejeitada, pelo facto de ainda não se terem realizado escavações sistemáticas no local. Desta forma, apenas sabemos que, antes da actual capela, existiu um outro templo, cujos indícios materiais e conceptuais apontam para o período romano. Também desconhecemos a evolução do sítio durante toda a Idade Média, sendo certo que ele já existia em 1494, altura em que se refere a ermida de São Mamede.
A actual configuração data da época moderna, provavelmente de finais do século XVI (como se menciona nos Tesouros Artísticos de Portugal, 1978, p.304), ou já do século XVII (como pretendeu CORREIA, 1914, p.212). O carácter erudito da sua estrutura central, circular e formada por colunas italianizantes de fuste liso e capitéis que suportam um tambor que se ergue até ao tecto, fez com que alguns autores sugerissem tratar-se de uma obra devida ao génio de Francisco d'Ollanda, que sabemos ter andado por estas paragens.
Em volta do tempietto, existe o corpo do templo, de planta circular, com banco corrido a toda a volta, interrompido pela minúscula capela-mor, cujo altar é ladeado por ex-votos animalistas. O púlpito, que pretendeu copiar o tempietto, é de 1881. No exterior, sobressai o alpendre (estrutura tão comum nos templos rurais do aro de Sintra), que se adossa a metade da capela e ao qual se acede por duas portas, e os três contrafortes que reforçam a parte mais baixa do monumento.
A ermida é ainda importante de um ponto de vista antropológico, uma vez que, entre 15 e 17 de Agosto, aqui se realiza uma curiosa romaria de pendor rural, que consiste na condução de gado em volta do templo. A tradição impõe que se façam três voltas rituais no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e, muitas vezes, os seus donos depositam ex-votos no interior, acompanhados de ofertas como trigo, cevada ou azeite (recebendo os animais, em troca, fitas de cores que conservam durante o ano). Esta "troca" devocional continua ainda a verificar-se nos dias de hoje, embora já sem a amplitude de outros tempos, em que chegou a verificar-se a afluência de manadas vindas de uma vasta região que ia de Cascais a Torres Vedras".
(Texto: IPPAR)

Bibliografia:
ALMEIDA, José António Ferreira de, "Tesouros Artísticos de Portugal", Lisboa, 1976
CORREIA, Vergílio, "No concelho de Sintra. Escavações e excursões", O Arqueólogo Português, vol. XIX, Lisboa, 1914
FERREIRA, Fernando Bandeira, "Nótula acerca da ermida de S. Mamede de Janas", Revista de Guimarães, vol. LXXII, Guimarães, 1962
LACERDA, João António de Lemos Pereira (Visconde de Juromenha), "Cintra pituresca, ou memoria descriptiva da Villa de Cintra, Collares, e seus arredores...", Lisboa, 1838

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segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A Festa dos 'Intas' e as recordações Teen

Pois é, meus amigos... pelo terceiro ano consecutivo fui à 'Festa dos Intas' no Maria Bolachas.

Lá vai o tempo em que, nesses dias (no da 'Festa dos Intas' e no da 'Festa dos Entas'), tinhamos que inventar programas alternativos para a nossa noite... na altura éramos novos demais para entrar, agora somos velhos de mais para ir nos dias ditos 'normais'...

Era habitual juntarmo-nos na Casa dos Penedos, propriedade da família de uns amigos e que agora se encontra à venda....

Para recordar... deixo aqui algumas fotos do interior desta maravilhosa obra de arte, da autoria do arquitecto Raul Lino, onde passámos noites bem divertidas, entre copos, conversas e jogatanas de cartas e monopólio. Bons velhos tempos!

(A Escadaria interior)

(Quarto - 1º andar)

(Sala de Jantar - Piso 0)

(Sala de Estar - Piso 0)


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